19 de dezembro de 2009

Foi numa manhã atípica. Fazia frio, como a cidade nunca vivera. Mas para ele não importava, toda a adversidade existente seria apenas mais um estímulo. Algo que lhe fazia falta há tempos: estimulo. Precisava daquilo para poder agir. Ele o tinha, acordara naquela manhã sentindo em cada parte de seu corpo energizado, energizado por algo que lhe tornava quente, num perfeito contraste àquela manhã, de sol ausente e neblina densa.
O que foi, ainda não falaremos. Falaremos da pessoa agora, pois o que mais importa não são os atos ou finalidades, mas sim aquilo que mitiva cada um, motivação que faz girar nossa roda da história, que faz nosso mundo e vida girarem. Sua vida, até então, girava; contudo, não entendia ele para onde. Não sabia se o fazia para um lugar melhor, ou se girava e voltava ao mesmo ponto que partira outrora. Sentia-se preso num incomodo labirinto, sem sinais ou avisos de saída, um labirinto chamado vida.
veio, então, o frio daquela manhã aquecer sua vida e lhe fazer girar a um ponto a frente da origem. Acendeu-se logo o sinal, escrito em vermelho, da saída. Mas tão de repente que chegou a duvidar, devido a um comodismo vindo de sua pré-existência, acomodado àquela situação tão injusta e irritante; porém lhe era comodo. Não lhe requeria esforço algúm, apenas manter a inércia emque sua vida seguia, retornando ao mesmo ponto em que começara cada dia único de sua vida.
A epifania, então, lhe fez efeito e percebeu, saindo da inérciaem que estava, que algo tão óbvio era sim a solução. Quebrou, então, o eixo que prendia sua roda viva e a pôs a girar livremente, como todos deveriamos fazer. Saiu de casa, envolto sobre toda aquela neblina e enxergou seu futuro. Alto tão ao seu alcance, como não percebera antes? Como? Ele sempre se perguntava. Andou mais alguns passos e parou. Olhou fixamente sua força motriz e pôs-se a completar sua vocação. Pulou, então.
Pela primeira vez em sua vida se sentiu livre, voou como um pássaro jamais o fez, sentiu a neblina abrir seu corção. Findou sua prisão para sempre!

5 de outubro de 2009

Adultos jovens

Interessante é pensar sobre a atual geração. Essa gereação, que lutou fervorosamente contra o capitalismo, contra as ditaduras militares e familiar. Ditaduras que os impunham uma rígida obediência, algo que negavam e lutavam contra. Fizeram barricadas, fizeram guerrilhas, fizeram movimentos. Quantos maios de 68 foram arquitetados por esses que mandam por agora? Quantos golpes guevaristas foram sonhados por aqueles que obrigam a todos à seguirem tudo aquilo que lutaram contra? Diziam eles que nao confiavam em ninguem com mais de 30. Hoje, com 50 ou 60 anos, nao confiam em ninguem mais novo que eles. Será que têm medo de serem agora rejeitados pelos novos jovens, por isso nos impedem de termos nossa voz e vez. Talvez por isso sempre busquem a fórmula para serem eternamente jovens, para se tornarem eternamente os revolucinarios de outrora. Nossos pais e tios, que se imortalizaram na historia, bucam agora a imortalidade na vida. Buscam a cirurgia estética para serem vistos como jovenzinhos, buscam pílulas e tratamentos neurologicos para manterem-se com o corpo sempre em forma. Pena que suas ideias regridam com o passar dos anos. Manteem-se atuais através de meios ordinarios, dignos de tiranos. Sufocam os mais novos com a força economica que têm, impedem nossa liberdade, nossa idade. Talvez por saudosismo e inveja de um tempo que não voltará. Mas somos realmente culpados, os lembramos a todo momente que eles nao mais sao jovens. Mostramos a eles, a todo momento, que eles estao acabados e ultrapassados. Tanto nas ideias, quanto no corpo.
Nossos "vovôs" tão jovens e modernos, que mal sabem acessar a caixa postal do celular sem o auxilio do "netinho", são uma éspecie de geração caduca e regressiva. Esqueceram das ideias que os fizeram, que os forjaram revolucionarios, e hoje aplicam em nós tudo aquilo que lutaram contra. Seja nas escolas, seja nas familias. Estendem a força do capital, a força economica para nos alienar às ideias vigentes, idéias que são forjadas, outorgadas por eles.
Deveriam se lembrar que o novo sempre vem, que nao adianta lutar contra o ciclo de renovaçao. Deveriam ser mais humildes em perceber que nao sao os criadores de nada novo, que nao sao maiores que ninguem por estarem onde estao, que tudo isso é apenas uma fatalidade da vida. Estao onde estao por uma fatalidade, algo que nao se pode evitar ou mudar. Mas tentam, coitados. Buscam ter a força dos jovens impedindo que nos tornemos mais forte que eles. Nos envelhecem prematuramente, obrigando-nos a sermos donos de nós mesmos. Acreditam que somos desconexos e inacreditavelmente incapazes. Acreditam que temos de construir o nosso proprio mundo para mandarmos nele, a exemplo deles. Interessante, mas eles nao criaram muita coisa nova. Utilizaram a estrutura já existente, dada numa bandeja de prata a eles. Por isso arrotam que recriaram a democracia neste país. A qualquer hora vão se engasgar com as notas de doláres que engoliram com essa demo(nstration)cracia.

11 de janeiro de 2009

As idéias e o corpo

"Somo humanos, demasiadamente humanos." Nietzsche previa nossa incapacidade sobre-humana. Nossa facilidade ao erro. Não somos perfeitos, apesar de sempre buscarmos a perfeição, seja no plano intelectual, ou no plano físico.
A ploriferação de academias e de clínicas estéticas é hoje algo preocupante. Parece que toda a sociedade vive em função de ter um corpo perfeito, o corpo de um Deus. Saudosos são os tempos em que o que se priorizava era a formação intelectual, ideológica; não esta cultura de modelamento do copro a qualquer custo.
Apesar de atividades físicas serem extremamente importantes para a saúde humana, o que temos hoje em nada nos ajuda, mas inviabilizam a concretização de um copro saudável, pois além de cirurgias que homogenizam o Homem, tem-se o uso de esteróides anabolizantes, que desregulam e colocam em risco a saúde humana.
Zuenir Ventura pergunta: "Como o psicanalista virou 'personal-trainer'?"; mas não há resposta clara. Aqueles ideais de 68 se diluiram. Talvez cooptados pelo capitalismo, ou apenas rejeitados por apresentarem uma estética feia. Fato é que fomos induzidos a nos preocuparmos com o corpo, preocupação que virou paranóia. Controlávamos o corpo para termos saúde. Agora, somos controlados pelo corpo, e a saúde se perdeu em algúm lugar entre a academia e as clínicas de estética.
A incansável busca pelo padrão de beleza é extremamente cruel. Os que conseguem se encaixar nele sofrem graves problemas de saúde, como a anorexia e bulimia. Os que não conseguem, sofrem discriminação social e a auto-discriminação. O que fizemos de nós? A geração saúde tornou-se a a geração paranóia?
Devemos entender que é impressindível a busca por um corpo saudável, e não perfeito. Afim de disfrutarmos de nossa condição humana, demasiadamente humana. Devemos viver em função do prazer, não em busca de um padrão de pseudo-felicidade. Felicidade que se consegue com bisturis e remédios dietéticos.

19 de dezembro de 2008

1968: a vida em ego.

O carnaval! O carnaval! Grande é isso no Brasil. O Brasil é grande nisso, tão grande que se faz um Brasil só disso. A chamada carnavalizaçao, aquilo que torna qualquer coisa genuinamente brasileira. Este ano foi emblamatico. Tudo sofreu com essa tal carnavalizaçao, todos os custumes de outrora passara por uma intensa revoluçao (algo tao rapida que até parecia prever os tempos de hoje, o qual nao existe. Há um micro-tempo, efêmero e veloz). Foram os primeiros, os pioneiros, os vanguardistas. Implatarama revoluçao do sexo, das relaçoes familiares, da educaçao, da politica. Parabens a eles!
O que fode tudo é essa carnavalizaçao. Carnavalizaram o conceito de revoluçao. Esquecerem que os Homens nao sao de perderem direitos. Nao somos de dar passos pra traz! Fizeram a revoluçao, mas fizeram a desrevoluaço. Quem eles pensam que sao para nos tirarem as brechas abertas por eles? Quem eles pensam que sao para barrarem a revoluçao sexual, para fazerem uma politica de escandalos, para comprarem nosso futuro com universidades fajutas e alienantes?
Andamos para traz. Os ditos revolucionarios hoje sao reacionarios. Revivem os tempos de cooptaçao. Cooptam conceitos que eles expuseram. O ego deles é algo surpreendente. Fizeram a revoluçao sexual e implataram a ditadura do corpo. Fizeram a revoluçao politica e implantaram-se no poder para sugá-lo (seja esquerdista ou direitista). Lutaram por universidades e agora as sucateam como se nao fossem necessarias.
O ego deles é tao grande que se perpetuam no comando. Nao confiavam em alguem com mais de 30 anos. Agora que têm 40, nao confiam em alguem com menos de 30. Mudam o foco de açao. Aprisionam os filhos em casa. Nao nos deixam sair, estudar, viver; e nos culpam por nossa nao auto-suficiencia!
Como algo tão belo, tao anarquico como 1968 pode acabar em uma coerçao dessas!?